Mais de 2.800 homens e mulheres moram nas ruas da região
Centro-Sul: PBH visita imóveis que podem virar abrigos
O projeto de revitalização do
hipercentro de Belo Horizonte tem pela frente vários desafios, mas resolver a
situação dos moradores de rua parece ser o mais difícil. O último levantamento
da prefeitura, apresentado ontem em um encontro do Comitê Municipal de
Políticas para a População em Situação de Rua, revela que a capital já possui
4.553 pessoas nessa condição.
Um crescimento de quase 52% em
relação a fevereiro, quando a Secretaria Municipal de Políticas Sociais (SMPS)
estimava um montante de 3 mil desabrigados pela cidade. Do novo número
apresentado, 2.863 pessoas (63%) estão concentradas na região Centro-Sul de
Belo Horizonte.
De acordo com a pasta, o aumento
foi constatado por meio de um diagnóstico mais preciso e atualizado da população
de rua da capital, tendo como base o Cadastro Único de Programas do Governo
Federal (CadÚnico).
Por meio de nota, o órgão
informou que o censo da população de rua divulgado em 2014 – apontando um
montante de 1.827 pessoas – apresenta um número subestimado, considerando tanto
o processo de atendimento nos serviços socioassistenciais quanto os dados de
cadastros recentes. “A atualização considera usuários que se autodeclararam em
situação de rua em até 24 meses. É preciso considerar que o CadÚnico é cumulativo
e dinâmico, podendo ter atualizações constantes”, informou a SMPS.
Urgência
A ampliação das vagas de
acolhimento para pessoas em situação de rua é uma das urgências para a
prefeitura. Visitas têm sido feitas a imóveis públicos e privados – incluindo
hotéis no Centro – que possam servir de abrigos. Porém, a alternativa não é uma
aposta para o curto prazo, já que algumas das edificações visitadas não
apresentam condições para receber o serviço imediatamente e teriam que passar
por reformas, segundo a secretaria.
“Outras possibilidades, contudo,
foram identificadas. Atualmente, há um processo avançado de análise da
viabilidade técnica e orçamentária para que nos próximos meses seja inaugurada
uma unidade pública de acolhimento para esse público no Centro da cidade”,
informou o órgão.
Ciclo
Para representantes dos
comerciantes da capital, o aumento da população de rua não causa surpresa, mas
é extremamente preocupante. Vice-presidente de Educação e Tecnologia da Câmara
de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), Marcos Innecco Corrêa afirma que a falta de
rigor nas políticas públicas nos últimos anos favoreceu o crescimento dos
desabrigados.
“Virou um ciclo vicioso. Quanto
mais pessoas entram nessa situação, mais a situação é aceita. E na ânsia de
ajudar, projetos que doam mantimentos acabam incentivando esse cenário. Para
pessoas que têm transtorno mental, o ambiente da rua é sofrível”, avalia o
empresário.
Ações
Segundo a Secretaria Municipal de
Políticas Sociais, o atendimento à população em situação de rua de BH será alvo
de uma oferta instersetorial que inclui as políticas de assistência social,
saúde, educação, segurança alimentar, trabalho e qualificação profissional,
moradia e habitação, cultura, desenvolvimento urbano, esporte e lazer.
Dentre as medidas de curto prazo
apontadas pela prefeitura estão a abertura dos Centros de Referência da
Assistência Social para a População em Situação de Rua (Creas POP) Miguilim e
Leste aos fins de semana e feriados. Esses locais são voltados para atendimento
a crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Além disso, há projetos para
criação de três novos abrigos nas regionais Leste, Noroeste e Venda Nova, com
oferta de 120 vagas. Há, ainda, procedimentos iniciados para ampliação imediata
de cem vagas de acolhimento institucional na regional Centro-Sul, possivelmente
em um hotel.
Fonte: Hoje e m Dia
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