quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Mulheres e meninas do mundo gastam 200 milhões de horas por dia coletando água

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) advertiu no final de agosto (29) que mulheres e meninas em todo o mundo gastam 200 milhões de horas por dia coletando água.

O anúncio foi feito durante reunião realizada no mesmo dia na Semana Mundial da Água, em Estocolmo, na Suécia, onde centenas de especialistas debateram formas de melhorar o acesso global à água.
“Duzentas milhões de horas representam 8,3 milhões de dias ou mais de 22,8 mil anos no total”, disse o diretor global dos programas do UNICEF para água, saneamento e higiene, Sanjay Wijesekera.
“Quando a água não está disponível e precisa ser coletada, as mulheres são (frequentemente) encarregadas dessa função e sofrem com a perda de tempo”, acrescentou.
De acordo com o UNICEF, na África Subsaariana, uma caminhada para coletar água dura, em média, 33 minutos nas áreas rurais e 25 minutos nas áreas urbanas. Na Ásia, o tempo é de 21 minutos e 19 minutos, respectivamente.
No entanto, em determinados países, os números podem ser maiores. No Iêmen, na Mauritânia, na Somália e na Tunísia, uma única viagem pode levar mais de uma hora.
Um estudo feito em 24 países na África Subsaariana revelou que, quando o tempo de coleta de água é maior que 30 minutos, calcula-se que 3,3 milhões de crianças e 13,5 milhões de mulheres façam esse tipo de trabalho diariamente.
No Malawi, a ONU estima que a média de coleta da água por mulheres foi de 54 minutos, enquanto os homens gastaram apenas 6 minutos. Na Guiné e na Tanzânia, o tempo médio de coleta das mulheres foi de 20 minutos, o dobro que o dos homens.
Além das mulheres sofrerem com a coleta de água, essa atividade pode afetar a saúde de toda a família, principalmente das crianças. Mesmo quando a água é recolhida a partir de uma fonte segura, o fato de ela ser transportada e armazenada aumenta o risco de contaminação por coliformes fecais.
Com isso, aumenta também a ameaça de diarreia, que é a quarta principal causa de morte entre menores de 5 anos e uma das principais causas da desnutrição crônica ou nanismo, que afeta 159 milhões de crianças em todo o mundo.
Segundo o UNICEF, mais de 300 mil crianças menores de 5 anos morrem anualmente de doenças relacionadas à diarreia devido à falta de saneamento, à falta de higiene ou ao consumo de água não potável. Os dados representam um número de 800 óbitos por dia.
“Não importa onde você olha, o acesso a água potável faz a diferença na vida das pessoas”, disse Wijesekera. “As necessidades são claras; os objetivos são claros. Mulheres e crianças não podem gastar muito tempo com esse direito humano básico.”
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 6 quer que o mundo forneça acesso universal e igualitário à água até 2030.

Fonte: ONU Brasil

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