O fotógrafo Alexandre Périgo e
sua mulher Paola, atriz e cantora, resolveram “desafiar o machismo de Belo
Horizonte”. Para tanto, Alexandre fez um ensaio em que Paola, grávida de quase
nove meses, caminha por ruas da cidade de lingerie.
E as mesmas pessoas que
acham normal crianças nas ruas passando fome a pedir dinheiro reagiram
indignadas por conta de uma gestante com pouca roupa, como se tivéssemos todos
nascidos vestidos de escafandro.
O machismo ficou escancarado nos olhares e
comentários masculinos e também na reprovação de muitas mulheres. Mas nada
disso importa; o que interessa é empoderar as mulheres, gestantes ou não, e
mostrar a beleza advinda dessa força vital feminina. Porque a vida é curta e
preciosa demais pra gastarmos tempo a alimentar preconceitos.
Paola com cartaz ressaltando a dificuldade de se criar um
filho
Fugindo das fotos tradicionais de
gestantes mostrando só a barriga ou com o sapatinho do bebê, um casal de Belo
Horizonte resolveu fazer um ensaio inusitado na última sexta-feira (10).
Grávida de nove meses Paola Alves Lopes, 30, foi fotografada com seu “barrigão”
desfilando de lingerie, liga e salto alto pelas ruas da capital mineira. As
lentes eram do marido dela Alexandre de Oliveira Périgo, 45, que também fez
algumas imagens dela nua.
Segundo o casal, os ensaios
tradicionais não combinam com eles. Os dois aproveitaram as fotos também para
desafiar o machismo e o conservadorismo dos moradores da cidade. “Não queríamos
mostrar uma mulher frágil, nós não temos problemas com o nú e fizemos algo que
tem muito a ver com a gente”, contou Paola.
Pelas ruas do bairro de Lourdes,
na região Centro-Sul de Belo Horizonte, ela desfilou de lingerie em fotos que
ressaltavam a gravidez e, ao mesmo tempo, a sensualidade feminina. Segundo ela,
a reação do público não fugiu do que o casal esperava. “A sociedade é machista,
então recebemos muitos olhares de reprovação e eu fui bastante
"cantada". Alguns homens me chamaram de gostosa e chegaram até mesmo
a dizer que eu poderia falar que o filho era deles”, contou Paola.
O marido dela disse que muitas vezes os homens olhavam com desejo para a gestante de costas, no entanto, quando a viam de frente eles ficavam constrangidos. “Culturalmente a mulher grávida é um ser intocável sexualmente e por isso eles agiam assim. Nós escolhemos o bairro de Lourdes para fazer o ensaio que é onde moramos e também uma região super conservadora”, considerou Périgo.
Além das fotos nas ruas, o casal
também se valeu de um galpão abandonado para fazer algumas das fotos com Paola
nua. “Fizemos fotos com sapatinho, mas de uma maneira diferente. Também fizemos
algumas dela empurrando o carrinho hidráulico fazendo referência a dificuldade
que é criar um filho”, contou Périgo. O casal também fez um cartaz falando
sobre essa dificuldade, já que não queriam escrever nada na barriga da nova
mamãe.
Para o casal o resultado foi
bastante satisfatório. “Apesar do machismo e da reprovação na rua, em nosso
site publicamos o ensaio e recebemos muito elogio. As fotos ficaram exatamente
como imaginamos. Mostramos a vitalidade e a força das mulheres”, disse Paola.
Périgo ressalta ainda que a expectativa
é que o filho deles que logo irá nascer, Leonardo, receba o ensaio com muita
alegria quando tiver entendimento das fotos. “Nós seremos pais liberais, então
eu imagino que ele vai adorar e terá muito orgulho do que fizemos”, conclui.
Fonte: O Tempo
Um comentário:
Machismo é ter de associar a mulher sempre a uma imagem sensual e sexual. Mulher é mulher... Não nasceu para ser sexy, provocante e sedutora o tempo todo, atendendo a ávidos olhares machistas, loucos por sexo. Vide as revistas de nu serem todas voltadas para o público masculino, inclusive as de ensaio gay. Não há nada de novo ou de revolucionário nas fotos apresentadas. Todas elas apenas perpetuam a ideia de que mulher deve ser sempre uma carne em exposição num açougue, cujos fregueses são machos bem exigentes.
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