Quase como numa brincadeira, crianças e adolescentes remam em suas pequenas canoas, em direção aos grandes barcos que estão de passagem pela Ilha de Marajó. Vão principalmente buscar os cargueiros, que trazem homens viajando há dias, ou até meses, pelos rios do Pará. Estimuladas por irmãos mais velhos ou pelos próprios pais, vão em busca de trocados ou óleo combustível, prontas para oferecer camarão e açaí, e até a si próprias, se assim os tripulantes quiserem. Não é preciso falar nada. A chegada das crianças sozinhas já é a senha que leva a altíssimos níveis de prostituição infantil no arquipélago. A realidade não está nas estatísticas, mas faz parte do relato frequente dos moradores, e foi apontada como preocupante pelo diagnóstico local feito pelo Instituto Peabiru e recém lançado no projeto Viva Marajó.